Com entrega em 1 dia em todo o Brasil, Azul Cargo quer crescer 50% em 2021

O dia era 19 de janeiro: em uma sessão transmitida ao vivo, a Anvisa aprovava o uso da Coronavac no Brasil. Minutos depois o celular de Izabel Reis tocava "Precisamos mandar as vacinas para todos os estados. Ajuda a gente nessa?", ouviu a diretora da Azul Cargo, divisão de cargas da Azul Linhas Aéreas.
Em poucas horas, um dos pátios do aeroporto de Guarulhos foi tomado pela frota da empresa. Mobilizados de última hora, os voos ajudaram as vacinas a chegar em quase todos os estados do país, do sul e sudeste ao extremo norte, possibilitando que a campanha de vacinação fosse iniciada praticamente ao mesmo tempo no país todo, por volta de 20 de janeiro.
"A capilaridade da nossa malha e a frota diversificada, que vai do Cessna [de nove assentos] aos gigantes Airbus [de quase 300 assentos] facilita muito esse trabalho, porque conseguimos chegar em mais de 100 cidades brasileiras, inclusive nas menores, onde o aeroporto não comporta grandes aeronaves", explica a executiva, cujo objetivo atual é transformar a Azul Cargo em uma empresa de logística, e não apenas de transporte de cargas de um aeroporto ao outro.
Para isso, a empresa firmou parceria com diversos agentes logísticos locais, que complementam o transporte aéreo da Azul Cargo fazendo a coleta no remetente, seja ele uma casa ou um centro de distribuição, e também o "last mile" até o cliente - chegando em 4 mil dos 5,5 mil municípios brasileiros. Mas só chegar lá não é o suficiente. Para cumprir a estimativa de crescimento de 50% neste ano, todo esse trajeto precisa ser feito em apenas 24 horas - a famosa "entrega em um dia" que ajudou o setor de e-commerce a crescer mesmo em meio à pandemia.
Para dar conta do recado, a Azul lançou em março a Azul Express, cuja missão é expandir o serviço de entrega em 24 horas para todo o Brasil. Por enquanto, o serviço está disponível apenas para as capitais, mas já responde por 30% do aumento de receitas registrado no 1º trimestre de 2021, quando a divisão de cargas cresceu 62% ante o mesmo período do ano anterior. A empresa não divulga valores mas, para efeitos de comparação, a receita com transporte de passageiros caiu quase 40% no mesmo período - prova de que o serviço de cargas tem participação mais do que relevante nos resultados da companhia, especialmente durante a pandemia.
"Se você quer mandar um iPhone de São Paulo para Sinop, para um cliente que quer pagar para receber no próximo dia, é só com a gente", comentou o CEO da Azul, John Rodgerson, que recentemente revelou à EXAME os planos de aumentar a frota de Cessna Gran Caravans (aeronaves pequenas que operam nos menores aeroportos) em pelo menos 10 unidades, algumas delas exclusivas para cargas. "O valor de mercado dessas empresas não se justifica com uma operação focada no sudeste. Você precisa entregar no Brasil todo em um dia. Por isso a logística é tão importante nesse país."