Escritório ou chão de fábrica, covid esvazia locais de trabalho

Valor Econômico
Dos escritórios de luxo da capital paulista às linhas de montagem de motos no Polo Industrial de Manaus, o aumento dos casos de covid e influenza já afeta o desempenho de setores distintos e mostra como o risco de um apagão de mão de obra se tornou real e não respeita regiões. Se ainda é cedo para se pensar que o atual momento possa comprometer o desempenho econômico de 2022, já surgem, no entanto, alertas importantes. “Não temos neste momento problemas de abastecimento (de peças e insumos). Mas isso vai depender de quanto tempo vai durar e a gravidade dessa terceira onda de covid”, diz Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, entidade que representa os fabricantes de motos.
A consultoria imobiliária JLL diz que havia uma expectativa de maior ocupação dos escritórios para este começo de ano, o que ficou adiado devido ao aumento de casos de covid-19. A demanda por espaços, no entanto, não mudou. Já no setor elétrico, intensivo em mão de obra, a preocupação é garantir a operação e manter o fornecimento pelo país. Uma das maiores do setor com atuação na geração, transmissão e distribuição de energia, a portuguesa EDP montou um plano preventivo com três níveis de resposta. No pior cenário, a elétrica admite até a contratação temporária de colaboradores já aposentados.
Justamente as incertezas sobre o impacto da pandemia de covid-19 neste início de ano e sobre o processo eleitoral, no segundo semestre, não permitem aos fabricantes de motos no Brasil uma postura mais otimista em 2022. O setor trabalha com estimativa de crescimento de 7,9% na produção sobre 2021, chegando a 1,29 milhão de unidades montadas no polo de Manaus, onde estão instaladas as linhas de montagem. No ano passado foram produzidas 1,19 milhão de motos, expansão de 24,2%. Mas abaixo da estimativa de 1,22 milhão de unidades.