Home office ainda não assusta fundos imobiliários, mas está no radar do setor
Fonte: Estadão

Por um lado, a adoção do home office ou de um modelo híbrido de trabalho a partir da pandemia da covid-19 acendeu um sinal amarelo no mercado imobiliário de março do ano passado para cá. Por outro lado, os fundos imobiliários que investem em lajes corporativas observam este alarme com atenção, mas sem desespero. Entre gestores de fundos e consultores, a opinião é semelhante: regiões mais valorizadas, o que em São Paulo inclui a da Faria Lima, tendem a mostrar resiliência na ocupação de espaços corporativos.
Para Felipe Solzki, sócio e gestor de fundos imobiliários da Galapagos Capital, o mercado negocia com desconto pela incerteza no cenário, mas não tem observado devoluções de imóveis por conta da migração de empresas para o modelo não presencial. "Há exceções, certamente, mas o que está virando consenso é que o modelo de home office e as outras ferramentas vão ser adotados como complemento", afirma. "Ninguém está tomando a decisão, ainda, de qual será o modelo. Quem está devolvendo é porque faz parte da estratégia, ou está reduzindo funcionários."
Ou seja: a decisão de reduzir espaços não está sendo tomada agora, porque o momento ainda não chegou. "Ninguém está pensando ainda em devolver uma área antes de implementar um novo modelo, seja híbrido ou home office", argumenta o gestor. "Fora o custo de devolver, conseguir uma grande área, contínua, é muito difícil.
"No entanto, Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas, considera que essa redução acontecerá. "Quando todo mundo estiver vacinado, tiver passado o lockdown, a economia vai estar pior. As empresas vão otimizar seus espaços", diz o professor. Ajzental estima que para as empresas, cada funcionário custe entre R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês em escritórios localizados em lajes corporativas nobres em São Paulo. A conta inclui despesas gerais e com aluguéis de cerca de R$ 100 por metro quadrado, considerando uma área de 12 metros quadrados por pessoa nos espaços corporativos.
O professor acredita que o layout dos escritórios deve mudar. "Os escritórios são importantes para a criatividade, as reuniões presenciais são melhores que as virtuais", aponta. "As empresas vão abrir mão de parte da área, vão otimizar o que tiverem". Segundo ele, até o tradicional espaço do café entra para a conta: é importante para estimular interações de pessoal.