Investidores imobiliários veem barganhas em fundos e vão às compras
Estadão

Os grandes investidores imobiliários foram às compras em dezembro, de olho em ativos considerados verdadeiras barganhas, isto é, com preços de mercado muito abaixo dos seus valores patrimoniais. O alvo dos aportes foram os fundos detentores de shopping centers, galpões logísticos e prédios corporativos, cujas cotas vinham sendo negociadas em Bolsa com descontos na ordem de 20% a 25%, na média. Algo inimaginável até antes de a pandemia começar. Naquela época, o valor de mercado dos fundos é que superava o valor patrimonial.
Mesmo com todas as incertezas sobre os rumos da economia brasileira, investidores avaliaram que esses descontos estavam exagerados no fechamento do ano, o que detonou a onda de busca por esses ativos em dezembro. Como resultado, o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix) deu um salto de 8,8% no mês – a maior alta em cerca de dois anos. O movimento ajudou a amenizar boa parte das perdas sofridas pelo Ifix ao longo dos meses anteriores, fechando o ano em baixa de apenas 2,3%.
A recuperação em dezembro foi puxada pelos fundos de tijolos, segundo o analista do BTG Pactual, Daniel Marinelli. Pelos seus cálculos, os fundos de shoppings lideraram a performance do Ifix em dezembro, com ganhos de 13%. Em seguida vieram galpões, com 10%, e prédios corporativos, 7%. Já os fundos de recebíveis subiram 4%, e os fundos de fundos, 9%. O BC Fund, maior fundo de prédios corporativos, subiu cerca de 13% em um mês. Já o XP Malls, maior de shoppings, avançou 15% aproximadamente.
A recuperação dos fundos de tijolos foi ajudada pelo fato de a pandemia dar sinais de que está perdendo força, o que ajudará a melhorar o uso desses imóveis, observou o analista da Guide, Caio Ventura. Fundos de shoppings, por exemplo, têm visto melhora das vendas dos lojistas e das visitas de consumidores. E os prédios corporativos vivem a expectativa de redução das jornadas de home office e retorno dos trabalhadores.