Varejo e serviços impulsionam PIB no 1º trimestre

Os bons resultados do varejo (2,3%) e dos serviços (1,8%) no primeiro trimestre impulsionaram a atividade econômica e levaram a uma onda de revisões para o PIB no ano, com o mercado chegando mais próximo à previsão feita pelo governo, de alta de 1,5%. Mas, para analistas, o fôlego desses dois setores deve arrefecer ao longo do ano, com impacto da alta das taxas de juros e o esgotamento dos estímulos ao consumo.
Com isso, várias instituições revisaram, para cima, as projeções de PIB para o ano, como o Barclays (0,3% para 1%), Bradesco (1% para 1,5%), Goldman Sachs (0,6% para 1,25%), Banco Inter (0,8% para 1,2%) e Bank Of America (BofA, 0,5% para 1,5%). Em março, o crescimento foi de 1,7% nos serviços e de 0,7% no varejo ampliado, ambos bem acima da mediana das pesquisas do Estadão/Broadcast, de 0,8% e 0,1%, respectivamente.
"Achávamos que as famílias teriam de escolher entre bens de consumo e serviços, devido à inflação, à taxa de desemprego ainda elevada e ao salário baixo. O que mudou é a decisão do governo de tentar salvar a atividade trazendo parte da renda futura para o presente", diz Eduardo Vilarim, economista do Banco Original. "As famílias mais ricas ainda têm uma poupança formada na pandemia que está sendo gasta agora, tanto em bens quanto em serviços, e as de menor renda têm as transferências e benefícios do governo."
Para Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, o deslocamento de gastos do comércio varejista para serviços ocorreu no terceiro e no quarto trimestres de 2021. No primeiro trimestre deste ano, porém, um crescimento de 4% na massa de renda disponível foi fundamental para impulsionar o crescimento simultâneo dos setores. O cálculo da XP leva em conta a massa de renda na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), mas também considera transferências de renda, benefícios previdenciários, abono salarial e seguro desemprego.